Nesta quarta-feira (19.03), o Instituto de Engenharia do Paraná (IEP) sediou o evento “Mulheres que Criam o Olhar Inverso da Cultura”, promovido pela Academia de Cultura de Curitiba (ACCUR) em parceria com o IEP. A iniciativa celebrou o Dia Internacional da Mulher com um encontro inspirador, destacando o talento e a criatividade de mulheres nas artes plásticas, literatura, música, cinema e fotografia.
A programação contou com palestras de Suzana Lobo, Valéria Borges da Silveira, Liana Justus, Salete Machado Sirino e Arriete Rangel de Abreu, que compartilharam suas experiências e desafios em seus campos de atuação. O evento também homenageou a artista plástica e acadêmica Cyroba Cecy Ritzmann, reconhecida por sua relevante contribuição à cultura.
A mesa de abertura foi composta por Maria Inês Borges da Silveira (presidente da ACCUR), José Carlos Dias Lopes da Conceição (presidente do IEP) e João Darcy Ruggeri (vice-presidente da ACCUR).
O papel essencial das mulheres na cultura
Na abertura do evento, Maria Inês Borges da Silveira destacou a importância da arte, da cultura e do conhecimento para uma sociedade mais justa e criativa. Ela ressaltou a parceria entre a ACCUR e o IEP como um exemplo da união entre diferentes áreas do saber, promovendo inovação e valorização cultural. “Este evento é um espaço de reflexão, aprendizado e celebração”, afirmou.
O presidente do IEP enfatizou a necessidade do protagonismo feminino em diversas áreas, como engenharia, infraestrutura e comércio, para garantir maior representatividade nos mercados. Ele destacou que, apesar da maior visibilidade das mulheres nas artes, ainda há desafios em outras carreiras. “As mulheres desempenham um papel fundamental na organização e avanço da sociedade”, frisou. Também mencionou a relevância do Troféu Enedina Alves Marques, criado pelo IEP em 2013 para reconhecer a trajetória da primeira engenheira negra do Brasil e do Paraná.
Arte como expressão de sentimentos e verdades
A artista plástica Suzana Lobo apresentou duas de suas obras emblemáticas. “Quem Puxa os Cordéis” aborda a manipulação sofrida por muitas mulheres ao longo da vida, enquanto uma tela da exposição “O Tempo Não Para” reflete sobre a passagem do tempo. Emocionada, a artista revelou estar em pausa na pintura devido a uma perda pessoal. “Meu trabalho reflete minhas verdades e, no momento, minha verdade seria sombria”, afirmou.
O poder transformador da literatura
A escritora Valéria Borges da Silveira ressaltou a capacidade da literatura de influenciar e transformar a sociedade. Ela lembrou que, no passado, muitas mulheres precisaram usar pseudônimos masculinos para publicar suas obras e destacou a importância da união de coletivos literários para fortalecer a presença feminina no meio editorial. “Quanto mais nos unimos, mais espaço conquistamos”, declarou.
Voz feminina na música
A professora de música Liana Justus exaltou a contribuição das mulheres na história da música brasileira, destacando Chiquinha Gonzaga como pioneira na música popular e primeira mulher a reger uma orquestra no Brasil e em Portugal. “Ela abriu caminho para futuras gerações e influenciou grandes nomes da música brasileira”, afirmou.
Mulheres por trás das câmeras
A cineasta Salete Machado Sirino relembrou sua trajetória no cinema, iniciada nos anos 1990, e os desafios enfrentados pelas mulheres no setor. Entre suas produções, destacou “Curitiba Zero Grau” e “Mulheres Indígenas da BR 277”, que aborda a realidade das mulheres indígenas marginalizadas. Salete reforçou a importância de iniciativas que promovam a equidade de gênero na indústria cinematográfica.
Fotografia: eternizando memórias
A fotógrafa Arriete Rangel de Abreu compartilhou sua trajetória e a importância da fotografia na preservação da cultura e da história. Apresentou imagens icônicas de mulheres marcantes, como Kim Phuc Phan Thị, Marilyn Monroe e Clarice Lispector, e homenageou Chloris Casagrande Justen, primeira mulher a presidir a Academia Paranaense de Letras. “A fotografia eterniza momentos e reconhece a contribuição das mulheres na sociedade”, destacou.
Homenagem à dedicação cultural
Um dos momentos mais emocionantes do evento foi a homenagem à artista Cyroba Cecy Braga Ritzmann. Maria Inês Borges da Silveira destacou sua dedicação inabalável à cultura e entregou um certificado de reconhecimento por sua valiosa contribuição artística.
Encerramento e reflexão
O vice-presidente da ACCUR, João Darcy Ruggeri, encerrou o evento com uma saudação às mulheres, refletindo sobre a busca da felicidade e a importância da memória e do legado cultural. Em tom poético, falou sobre a transitoriedade da vida e a espiritualidade, desejando que as “centelhas de luz” de cada ser continuem iluminando os caminhos do universo.
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