A Câmara Técnica de Cartografia, Geociências e Geotecnologia do Instituto de Engenharia do Paraná – IEP promove o seminário Segurança de Barragens: Por Que as Barragens Estão Ruindo? O encontro debateu inúmeros conceitos, incluindo a mudança cultual necessária dentro da engenharia para evitar novas tragédias e a atualização dos currículos da engenharia visando a preparação para a realidade do nosso país.
Após a abertura do encontro pelo Presidente do IEP, José Rodolfo de Lacerda, o ciclo de palestras começou com Projeto X Contratos nas Obras de Engenharia (com o Eng. Ricardo Prado Santos), e seguiu com Geotecnologias no Controle e Gestão de Barragens (com a Enga. Cart. Renata Brasil e o Eng. Cart. Ferrucio Kochinski), Perícias em Barragens, com o Eng. Pedro A. Kruk, do IBAPE-PR, Segurança de Barragens e sua Gestão (com Dr. José Marques Filho, professor da UFPR) e finalizou com Mecanismos de Escorregamentos (com o Eng. Viktor Baras).
Presidente do IEP, José Rodolfo de Lacerda, analisa que o evento serviu para tecer todas as considerações que envolvem os problemas das barragens como estabilidade, projetos, manutenção, vistoria e até mesmo na origem de tudo: o contrato. Para Lacerda há muitas variáveis em jogo com a exploração de minérios, algo muito sério e delicado e que é de fácil percepção que no Brasil não se dá a devida importância – principalmente para as populações que estão no entorno destas barragens:
“Há um total desleixo por parte daqueles que promovem este tipo de negócio e estas fiscalizações, uma verdadeira sucessão de irresponsabilidade. Nas barragens esse fator de risco ceifa um grande numero de vidas humanas, assim como em uma ponte ou um edifício. Mas além das perdas de vidas, o rompimento de uma barragem afeta a biodiversidade local, as estruturas das cidades e comunidades no entorno e, do ponto de vista da engenharia como profissão, traz desprestigio para a classe. Fazer comentários depois do fato consumado é fácil, então precisamos ter a consciência de que não basta pensar no lucro. As companhias precisam sim ter o seu ganho, mas o aspecto da segurança precisa estar bem enraizado e presente”
Dr. José Marques Filho, professor da UFPR especialista em Gestão e Segurança de Barragens de Rejeito, afirma que tudo o que está acontecendo é, na realidade, um mau presságio de que os engenheiros: “Estamos falando de profissionais que estão bastante subordinados à questão de gestão, e não deveriam. Os engenheiros são a última palavra na questão da segurança e não pode haver demoras nestas decisões e muito menos e não pode ter uma outra instância. Os engenheiros estão me xeque no Brasil, principalmente aqueles que atuam com manutenção.
O Eng. Cart. Ferrucio Kochinski, que falou sobre Geotecnologias no Controle e Gestão de Barragens, lembrou da importância deste encontro que trouxe para o IEP um tema que precisa ser tratado por profissionais da área. Para Ferrucio, as barragens, independente dos problemas que estão apresentando, precisam ser discutidas por engenheiros e instituições da engenharia para ter uma conceituação que traga tranquilidade para a sociedade:
“No Paraná não existem as chamadas barragens de amontantes como em Minas Gerais, quando se cria a estruturação da barragem com o material rejeitado da mineração. O que nós temos aqui em nosso Estado são barragens de concreto. Mesmo as maiores como Itaipu possuem garantias contra qualquer tipo de problema parecido com os de Minas. Independente deste fatos, o assunto do que aconteceu em Minas faz parte da engenharia e precisamos analisar isso tudo dentro do IEP com profissionais da área.”
Para o Engenheiro e Consultor Estratégico José Alberto o encontro foi uma oportunidade para discutir o que aconteceu indo além de uma caça aos culpados, mas discutir esta questão como um problema da engenharia:
“O evento reuniu os associados do IEP com diversos experts de vários assuntos e houve um debate proveitoso sobre tudo o que aconteceu. Ainda estamos na fase das averiguações oficiais, mas o IEP está atuando com todos os seus associados tomando a dianteira como protagonista neste tema. Infelizmente o foco da engenharia vem em cima de uma tragédia”.
José Alberto explicou que o evento serviu para que o IEP e seus associados tenham condições de ter um filtro para pontuar tudo o que foi debatido nesta manhã. Para o especialista, uma entidade como o IEP, que defende a engenharia como um instrumento de execução, está ativo como todo protagonista deve ser: “Mostramos hoje que se não tivermos prevenções, novos acidentes acontecerão. E não são apenas as barragens, mas outras estruturas. Temos viadutos caindo em Brasilia e em São Paulo, por exemplo. Alguma coisa está acontecendo. Não podemos esquecer que temos obras com mais de 50 anos de existência. Será que todas contam com manutenção? Com toda certeza posso afirmar que não” conclui.
Acesse as apresentações das palestras:
Palestra – Eng. Ricardo Prado
Palestra – Eng. Renata Brasil
Palestra – Eng. Ferrucio
Palestra – Eng. Pedro Kruk
Palestra – Dr. José Marques Filho
Palestra – Eng. Viktor Baras