A engenharia com olhar para a sociedade: José Niepce da Silva – O segundo presidente do IEP, nasceu em 21 de outubro de 1876, filho do professor Albino José da Silva e de Rosa de Souza e Silva. Diplomou-se em Engenharia pela Escola Politécnica do Rio de Janeiro, em 1899. Foi engenheiro da Estrada de Ferro São Paulo-Rio Grande, da The Leopoldina Railway e da Prefeitura de Curitiba; comissário de terras no Paraná e diretor de Obras Públicas e Viação da Secretaria de Obras Públicas e Colonização do Paraná, assumindo depois a Pasta; engenheiro do Governo Federal, chefe do Núcleo Colonial de Apucarana (PR), projetista de pontes, diretor de ferrovias no Maranhão e no Piauí e adjunto do gabinete federal de estradas, no Rio de Janeiro. Foi também coronel da Engenharia e jornalista. Autor de livros sobre climatologia do Paraná. Presidiu o Clube Curitibano. Morreu no Rio, em 26 de setembro de 1935.
Ao longo de sua gestão, Niepce da Silva preocupou-se seriamente com a discussão em torno do sistema de transportes urbanos da Capital. Dois meses após sua posse, realizou, em 4 de junho, no Clube Curitibano, uma sessão específica para análise da situação do serviço de bonde e da introdução dos auto-omnibus, mediante concorrência pública aberta pela Prefeitura.
As linhas de ônibus, segundo o edital da Prefeitura, poderiam ser de três tipos: inteiramente independentes das linhas de bondes; ter os mesmos pontos de largada e da saída, correndo paralelamente em trechos descontínuos das linhas de bondes; ou correr paralelamente em toda a extensão, ou seja, fazendo o mesmo trajeto das linhas de bonde.
Pelo parecer da comissão especial do IEP – Niepce da Silva, João Fleury, Gastão Chaves, Guilhermino Baeta de Faria e Francisco Pereira – havia necessidade de se regulamentar e aperfeiçoar os serviços de bondes e as empresas de ônibus deveriam oferecer condições de segurança e conforto aos passageiros e bons horários, entre outros quesitos. O documento condenava a superlotação, tanto nos ônibus como nos bondes, o que deveria ser considerado infração passível de multa.
O representante do prefeito Eurides Cunha, o engenheiro Adriano Gustavo Goulin, julga valiosas as ponderações do IEP e Niepce da Silva encerra destacando o progresso que representou o bonde elétrico, introduzido 15 anos antes por iniciativa do empresário Eduardo Fontaine de Savelli, mas afirmando que o momento era de novas conquistas.
*Texto extraído do Livro Um Pioneiro A Caminho do Centenário, por Júlio Zaruch.