Presidente do IEP na Gestão 1955 a 1957
A PRIMEIRA TURMA DE REMIDOS
A mobilização em torno do edifício-sede do IEP atrai uma nova leva de associados e, nas eleições de 9 de março de 1955, comparecem 207 votantes, um recorde até então. A chapa liderada pelo engenheiro e professor Eliasib Gonçalves Ennes sagra-se vitoriosa, com 116 votos contra 84 dados à encabeçada pelo ex-prefeito e primeiro gestor do Plano Agache Rozaldo Gomes de Mello Leitão. A posse foi dia 28.
Ennes tem como companheiros de diretoria Pedro Mortensen Neto, vice-presidente; Azaury Guedes Pereira, 1º secretário; Newton Edmundo Grillo Requião, 2º secretário; Ricardo R. Seyer, tesoureiro; Diamantino Conrado de Campos, orador; e Camil Gemael, redator. Para o Conselho Fiscal foram eleitos Frederico Brambilla, José Theodoro Miró Guimarães e Mário De Mari.
Além das questões internas, há outras que preocupam a nova diretoria, como a situação dos empreiteiros paranaenses diante dos atrasos dos pagamentos do governo do Estado. Ennes também vai ao Rio de Janeiro, então Capital Federal, defender reivindicações da classe acerca de contribuição previdenciária, mantendo contatos junto ao Ministério do Trabalho.
Os 30 anos do IEP, outro tema em destaque da nova administração, foram comemorados dia 27 de fevereiro de 1956 em sessão histórica no salão nobre da Escola de Engenharia – o mesmo que abrigou aquele grupo de pioneiros em 1926 -, com a presença do representante do governador Moisés Lupion, Nivon Weigert, e do secretário estadual de Viação e Obras Públicas, Eurico Batista Rosas. Coube ao ex-prefeito e ex-diretor Linneu Ferreira do Amaral destacar o papel dos fundadores, na mesma ocasião transformados em sócios remidos. Desde então, anualmente, o Instituto passou a remir associados que completassem 30 anos de contribuição; na reforma dos estatutos de 2009, o período foi ampliado para 40 anos. Uma romaria ao Cemitério Municipal São Francisco de Paula, para homenagear engenheiros falecidos, encerrou as atividades da data.
Um ano depois, estão no auge as discussões para nova reforma dos Estatutos. O presidente Ennes não aceita a proposta feita na assembleia geral de 14 de fevereiro de 1956 para prorrogar seu mandato, de maneira que a próxima eleição já seja realizada sob a égide da nova Carta. Mas, dias depois, acaba cedendo aos argumentos de um grupo de associados e o mandato é prorrogado por 60 dias. O pleito é, então, marcado para a primeira quinzena de junho. Ennes é derrotado nas urnas pelo engenheiro Mário De Mari.
Ao encerrar sua gestão, entregou ao sucessor os pilares, vigas e a estrutura para a laje do primeiro pavimento da futura sede, inclusive da marquise frontal, assim como o estudo econômico-financeiro para a execução do projeto arquitetônico, de autoria do arquiteto Rubens Meister, e do estrutural, do engenheiro Venevérito da Cunha. Redefiniu também o regime de construção, que passou a ser por administração direta, com a contratação de mestre-de-obras para concretagem e operários especializados e mão-de-obra bruta, além de regularizar as pendências existentes com a empresa que até então prestava serviços. E reformou o barracão deixado como resto da demolição do edifício da escola profissional que ali havia funcionado, para abrigar a administração do IEP.
Paulista de Catanduvas, Eliasib Gonçalves Ennes iniciou o curso de Engenharia Civil na Escola Politécnica da Universidade de São Paulo, em 1941, mas interrompeu os estudos para servir, como voluntário, na Força Expedicionária Brasileira, dois anos depois. Finda a guerra, recusou os benefícios da lei que permitia matrícula no 4º ano de Engenharia. Cumpriu o curso integralmente na Faculdade de Engenharia da Universidade do Paraná, diplomando-se em 1949.
Também bacharel em Ciências Matemáticas e pós-graduado, em nível de mestrado, em Acústica Arquitetônica e Física Aplicada, cursou a Escola Superior de Guerra, no Rio de Janeiro, ali dirigiu departamentos e integrou o Conselho Superior da Adesg, a associação dos diplomados da instituição.
Foi professor titular da UFPR, chefe do Departamento de Física Aplicada e Professor Emérito da instituição. Exerceu funções na Universidade da Força Aérea Brasileira e trabalhou na França.
Na presidência do IEP (1955-1957), obteve a declaração de utilidade pública da entidade no município e no estado e encaminhou o assunto em nível federal. Ampliou significativamente o quadro de sócios e, na gestão Parigot de Souza (1959-1961), foi diretor de sede, quando administrou a obra até o quarto pavimento.
De personalidade dinâmica e empreendedora, ao falecer, em 2009, o professor Ennes dirigia uma instituição que fundou, o Citema (Centro Científico e Tecnológico do Meio Ambiente).
*Texto extraído do Livro Um Pioneiro A Caminho do Centenário, por Júlio Zaruch.