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Presidente IEP na Gestão 1967 a 1969

Apesar de contar com modestos recursos financeiros em caixa, mas exercendo a criatividade para obtê-los, a gestão de dois anos comandada pelo engenheiro Véspero Mendes conseguiu avançar bastante na adequação do espaço até então construído no edifício-sede, que já abrigava, desde a administração Parigot de Souza, às atividades funcionais e sociais do Instituto.

Como revela seu relatório de gestão, Véspero mobiliou o salão de festas, efetuou o revestimento do saguão de entrada e das escadas, instalou, equipou e decorou o bar, ponto de encontro dos associados, procedeu a serviços da rede subterrânea de distribuição de alta tensão, telefone, água e esgotos, de impermeabilização da marquise, acabamento da fachada norte e revestimento externo com pastilhas. Foram, ainda, executados novos sanitários, regularização de pisos, pinturas internas, ensaibramento e iluminação do pátio de estacionamento, cujo acesso já havia sido asfaltado, e adquiridos um veículo para uso administrativo e duas linhas telefônicas.

No âmbito cultural e social, promoveu uma série de atividades, como exposições de artes plásticas, palestras técnicas e sobre iniciação musical, desfile de modas, torneio de futebol entre o IEP e outras associações de engenheiros, além dos tradicionais jantares-festivos, sempre muitos apreciados e frequentados pelos associados e familiares. Deu ênfase a seminários e cursos, entre os quais um destinado a mestre de obras. Firmou convênios de descontos para associados em lojas comerciais.

Seu período administrativo deu atenção, também, aos interesses da categoria, acompanhando junto ao governo federal questões sobre o salário profissional dos engenheiros, para o que contou com o apoio de dois deputados federais paranaenses e sócios do Instituto – Alberto Franco Ferreira da Costa e Emílio Hoffmann Gomes.

No biênio 1967-1969, Véspero teve como parceiros na diretoria: Francisco Borsari Neto, 1º vice-presidente; Celso Fabrício de Mello, 2º vice; Jurandyr Pavão, 1º secretário; Manfred Theodor Schmidt, 2º secretário; Djalma Costa Palmeira, 1º tesoureiro; Renato João Sossela de Freitas, 2º tesoureiro.

Véspero Mendes é gaúcho de Palmeira das Missões (RS), onde nasceu em 3 de outubro de 1933. Formou-se na UFPR, em 1957. Como engenheiro, iniciou no DER/PR, exercendo diversas funções, incluindo a de diretor administrativo. Foi secretário de Estado do Governo do Paraná, secretário de Educação e Cultura, superintendente da Fundepar, presidente do Conselho Estadual de Educação, diretor técnico da Codepar (Companhia de Desenvolvimento do Paraná, depois Badep), diretor administrativo da UFPR, assessor técnico do Ministério de Agricultura, cargos esses ocupados entre 1957 e 1966.

Entre 1967 e 1972, ocupou-se de atividades privadas: presidente do IEP, consultor da Comissão de Elaboração do Código de Edificações de Curitiba, diretor financeiro da Metalgráfica Merhy S.A., diretor administrativo da Engenharia e Comércio Barbosa S. A, conselheiro fiscal do Inocoop (Instituto Nacional de Orientação às Cooperativas Habitacionais), fundador e conselheiro da Spea (Sociedade Paranaense de Estudos de Administração) e do CIEE/PR (Centro de Integração Empresa Escola).

Em novo período de ações públicas, foi secretário de Estado dos Negócios do Governo, diretor administrativo da Copel, diretor de suprimentos da Eletrosul, secretário de Estado do Planejamento, secretário de Estado da Administração e diretor da Delegacia do MEC no Paraná, abrangendo esses cargos no período de 1972 a 1994. Lecionou Organização Industrial e Administração nos cursos de Engenharia na UFPR.

Véspero Mendes também é Administrador qualificado pelo CRTA, e Técnico em Problemas de Desenvolvimento Econômico, autorizado pela Cepal (Comissão Econômica para a América Latina). Após sua aposentadoria, dedica-se a atividades comunitárias no Lar dos Meninos de São Luiz. É autor de diversos trabalhos didáticos e científicos nas áreas da engenharia, administração de empresas e de educação.

*Texto extraído do Livro Um Pioneiro A Caminho do Centenário, por Júlio Zaruch.

Presidente IEP na Gestão 1965 a 1967

O dia 15 de março de 1965 pode ser considerado um dos marcos históricos do IEP. É que a data registra os primeiros movimentos para a implantação do que seria um dos principais serviços prestados pelo Instituto aos seus associados por longos anos.

O engenheiro e professor Euro Brandão havia sido eleito presidente do IEP pouco mais de um mês antes e já oferecia boas notícias aos sócios, ao lado de seus companheiros de diretoria: Paulo Augusto Wendler, 1º vice-presidente; Pedro Mortensen Neto, 2º vice; Dante Bianco, 1º secretário; Saul Hey, 2º secretário; Celso Fabrício de Mello, 1º tesoureiro; e Guilhermino Baeta de Faria, 2º tesoureiro. A minuta do consórcio começou a ser discutida e aprimorada e o projeto final foi apresentado ao Conselho Deliberativo, que o aprovou, em maio.

O consórcio, chamado originalmente de Plano de Automóveis, foi administrado inicialmente por Eros Lepca e depois por João Enéas Ramos de Sá, que cumpriu 25 anos como tesoureiro do IEP, gerenciando-o por mais de duas décadas, até falecer, em outubro de 1998. Teria sido pensado embrionariamente na gestão anterior, fruto de uma conversa informal entre os associados Loury Ramalho e Levy Lustosa, conforme cita o Jornal do IEP, edição nº 603, de maio de 2006. Houve um período, em 1966, que o atraso na entrega dos carros pelas concessionárias quase comprometeu o empreendimento.

Na Semana de Engenharia, em dezembro de 1966, é realizada sessão solene de entrega de medalhas de honra ao mérito a três engenheiros paranaenses: Ralph Jorge Leitner, pela contribuição prestada ao desenvolvimento da técnica; Pedro Viriato Parigot de Souza, pelo desenvolvimento do Plano de Eletricidade do Paraná; e Ivo Arzua Pereira, pela remodelação de Curitiba e instituição do plano de casas populares.

Um dos expoentes da Engenharia paranaense e brasileira, o professor Euro Brandão foi, também, destacado homem público, tendo sido ministro da Educação e da Cultura em 1978-1979, depois de ocupar a Secretaria Geral do MEC por quatro anos, na gestão do ministro Ney Braga, e reitor da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR), de 1986 a 1997.

Diplomado em Engenharia (1945) e em Filosofia (1953) pela Universidade do Paraná, ingressou no IEP como associado em 1950, quando era chefe do Escritório Técnico do Departamento de Via Permanente da Rede de Viação Paraná – Santa Catarina (RVPSC) e auxiliar de ensino da cadeira de Pontes e Grandes Estruturas na Escola de Engenharia.

Euro Brandão foi diretor-superintendente da Rede Viação Paraná Santa Catarina (RVPSC, depois Rede Ferroviária Federal, hoje privatizada), em 1967, secretário estadual dos Transportes do Paraná, em 1973-1974, e presidente do Badep (Banco de Desenvolvimento do Paraná, hoje extinto, 1979-1983). Seu vasto currículo profissional registra atividades como coordenador do curso de Engenharia Civil e chefe do Departamento de Engenharia Civil da UFPR, introdutor do ensino de Estruturas de Aço, Estruturas de Concreto Protendido e Programação de Computadores Aplicada à Engenharia, fundador e primeiro diretor do Centro de Computação Eletrônica da Federal, Professor Emérito da UFPR, Doutor Honoris Causa pela Universidade de Ciências de Okayama/Japão e pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul e membro de importantes instituições internacionais ligadas à Engenharia.

Em 1958, Euro Brandão integrou o grupo de professores que criou a Faculdade Católica de Filosofia, Ciências e Letras, embrião da PUCPR. Especialista em pontes e grandes estruturas, integrou a Academia Paranaense de Letras, as Academias Brasileiras de Educação e de Ciências Políticas e foi renomado artista plástico. Morreu em 31 de outubro de 2000, aos 75 anos de idade.

*Texto extraído do Livro Um Pioneiro A Caminho do Centenário, por Júlio Zaruch.

Presidente IEP na Gestão 1963 a 1965

Os novos Estatutos do IEP, aprovados em Assembleia Geral realizada em 31 de julho de 1962, publicados nos dias 10 de setembro e 24 de outubro no Diário Oficial do Estado e registrados dia 25 no Registro de Pessoas Jurídicas, substituíram os primeiros Estatutos do Instituto, datados de 20 de outubro de 1926 e modificados em 12 de maio de 1934. Seu artigo terceiro é que definiu IEP como sigla do Instituto de Engenharia do Paraná. O Capítulo VI, artigo 40, instituiu o Conselho Consultivo, que seria formado por todos os ex-presidentes e ex-vice-presidentes que tivessem exercido a presidência do IEP por mais de seis meses, além do presidente e vice em exercício.

Mais adiante, no Capítulo VIII, dedicado à Administração foi criado o Conselho Deliberativo, constituído por 15 membros e que teria um terço renovado anualmente; foi, também, dada nova forma à Diretoria, que passou a ser composta de presidente, 1º vice-presidente, 2º vice-presidente, 1º secretário; 2º secretário, 1º tesoureiro e 2º tesoureiro. Foram extintos os cargos de orador e de redator de publicações científicas, mas criados órgãos departamentais de Biblioteca, Social, do Patrimônio, de Divulgação e Publicidade, de Seções Regionais, de Sede, de Desportes e Assistencial, cujos diretores seriam designados entre os sócios titulares.

Foi sob os princípios dessa nova Carta constitucional do IEP, que o engenheiro e professor Rubens Meister elegeu-se, na assembleia de 15 de janeiro de 1963, presidente para o biênio 1963-1965, na companhia de Euro Brandão, 1º vice; Kamal David Curi, 2º vice; Pedro Lagos Marques, 1º secretário; Brasil Pinheiro Machado, 2º secretário; Milton Martins Carneiro, 1º tesoureiro; e Celso Fabrício de Mello, 2º tesoureiro.

Uma das primeiras providências da nova diretoria, depois da posse, em 6 de fevereiro, foi indicar, a pedido do prefeito Ivo Arzua, um representante para a Comissão de Planejamento de Curitiba, sendo escolhido o engenheiro Gustavo G. Monteiro.

Em sua gestão, o professor Meister executou as obras de acabamento do edifício-sede até o terceiro pavimento e concluiu o auditório, lançando a seguir o edital de licitação para a compra das cadeiras para o espaço, adquiridas da empresa Móveis Cimo e que lá estão intactas até hoje cumprindo sua finalidade.

Natural de Botucatu (SP), onde nasceu em 1922 e engenheiro civil pela Universidade do Paraná, turma de 1947, ao longo de sua vida profissional Rubens Meister sempre teve atuação destacada na comunidade paranaense. Professor universitário desde 1948, assumiu a cátedra na UFPR, lecionando nos cursos de Engenharia Civil e de Arquitetura e Urbanismo, nas cadeiras de Arquitetura, Construção Civil, Planejamento e Administração de Obras, Orçamentos e Especificações e Técnica de Construções.

Foi chefe do Departamento de Construção Civil da Universidade por duas gestões, membro do Conselho Técnico e Administrativo da Escola de Engenharia e membro do Conselho de Curadores da UFPR. Como engenheiro integrou a Comissão de Planejamento de Curitiba e o Grupo de Trabalho do Plano Diretor do Centro Cívico; participou da Comissão de criação do curso de Arquitetura da UFPR e foi designado pelo Ministério da Educação para a Comissão de Especialistas de Ensino de Engenharia.

Entre seus principais projetos destacam-se o Teatro Guaíra, a Estação Rodoferroviária de Curitiba, o edifício da Caixa Econômica Federal, o edifício-sede da Fiep, no Centro Cívico, a Reitoria da UFPR, a Biblioteca Pública do Paraná, o Palácio Avenida, como sede do antigo Bamerindus, atual HSBC, o Centro Politécnico, a Celepar, todos na capital, e o Teatro Municipal de Joinville, além de inúmeros outros para empresas privadas. Em 1996, nos 70 anos do IEP, foi homenageado com o Troféu Paraná de Engenharia, na qualidade de Engenheiro do Ano. Faleceu em Curitiba, aos 89 anos, em 29 de julho de 2007. Em 2011, recebeu o mesmo Troféu na categoria “In Memorian”.

*Texto extraído do Livro Um Pioneiro A Caminho do Centenário, por Júlio Zaruch.

Presidente IEP na Gestão 1961 a 1963

O engenheiro Ivo Arzua Pereira presidia o IEP (gestão 1961-1963), quando o governador Ney Braga convidou-o para ser candidato a prefeito de Curitiba. Vitorioso nas eleições de 7 de outubro de 1961 e empossado em 15 de novembro (a posse dos prefeitos era sempre nessa data), iniciou um período de avanços para a cidade. Instituiu o Plano Diretor de Urbanismo (Lei nº 2.828/66), que reorganizou o planejamento da capital e teve, no Instituto de Engenharia, um dos principais cenários de debates. Governou a cidade até março de 1967 e sua eficiente gestão lhe valeu o convite para ser ministro da Agricultura do presidente Arthur da Costa e Silva, entre 1967 e 1969.

Arzua nasceu em Palmeira (PR) em 1925 e diplomou-se em Engenharia na Universidade do Paraná, em 1948, e em Administração de Empresas. Foi professor na UFPR nas cadeiras de Estatística, Economia Política e Finanças, Geometria Analítica e Cálculo Numérico, Organização de Indústrias, Contabilidade Pública e Industrial, Estatística II e Economia e Engenharia de Sistemas. Foi também instrutor de Ensino Militar na Escola de Oficiais Especialistas e de Infantaria de Guarda. Antes de ser prefeito, dirigiu o Porto de Paranaguá e as obras do Centro Cívico, em Curitiba.

No IEP, Ivo Arzua foi 1º secretário entre março de 1959 e março de 1961, quando se elegeu presidente e comandou a entidade até fevereiro de 1963. Nem mesmo a campanha política o afastou da gestão do Instituto, a não ser bem no final, conforme atestam as atas da diretoria. Seus companheiros de diretoria foram Osmário Lopes dos Santos, vice-presidente; Honório Petersen Hungria, 1º secretário; Odebal Bond Carneiro, 2º secretário; Clóvis Dallegrave Silva, tesoureiro; Antonio Dionísio Arantes Amazonas, orador; e Isaac Sender, redator de publicações científicas; no Conselho Fiscal, Ivan Austregésilo Maida, Oswaldo Pilotto e Rubens Meister.

Nos seus dois anos de mandato, procedeu à reforma dos Estatutos, batalhou pela remuneração mais justa aos engenheiros do Estado e deu sequência às obras do edifício-sede. Executou parte da estrutura de concreto e a vedação em alvenaria dos três primeiros pavimentos, inclusive com revestimento das fachadas e colocação de vidros, além dos projetos de água e esgotos. Também iniciou o processo da primeira locação das lojas do térreo. A faixa de terreno que havia sido arrendada retornou aos domínios do Instituto e passou a ser estacionamento para associados.

Arzua conferiu ao IEP o papel de parceiro ativo na Comissão de Planejamento de Curitiba, instituída pela Prefeitura. E legou à instituição o novo Estatuto, que iria balizar a vida da entidade pelas próximas quatro décadas e meia. Ainda no âmbito classista, presidiu o Conselho Regional de Administração.

Na Prefeitura, criou o Ippuc, em 1965, renovou o centro urbano, implantou importantes avenidas, alargou outras, institui o Fundo Municipal de Telefones, construiu a Vila Nossa Senhora da Luz de casas populares, a primeira escola municipal que daria início à rede de ensino de primeiro grau, os primeiros postos de saúde e muitas outras obras de importância urbana e social.

No Ministério da Agricultura, legou ao país a Carta de Brasília, que balizou o planejamento da agricultura brasileira, criou o Instituto de Pesquisa Agropecuárias, construiu o Centro Regional de Telecomunicações Meteorológicas da América Latina e desenvolveu a aviação agrícola em convênio com o Ministério da Aeronáutica.

Foi, ainda, presidente da Telepar, do Instituto de Previdência do Estado, governador do Distrito 4730 do Rotary Internacional e provedor da Santa Casa de Misericórdia. Integrou a Academia Nacional de Engenharia e o Instituto Histórico e Geográfico do Paraná. Tem vários livros publicados. Faleceu em Curitiba em 9 de setembro de 2012.

*Texto extraído do Livro Um Pioneiro A Caminho do Centenário, por Júlio Zaruch.

Presidente IEP na Gestão 1959 a 1961

Um dos maiores homens públicos que o Paraná já teve. Na opinião, praticamente unânime, de seus contemporâneos, assim foi o engenheiro e professor Pedro Viriato Parigot de Souza, que presidiu o IEP no biênio 1959-1961 e foi governador do Paraná entre novembro de 1971 e julho de 1973.

A gestão de Parigot de Souza no IEP representou um avanço na construção da sede. Para obter recursos, realizou entre os sócios uma campanha de antecipação de anuidades visando à remissão e concretizou o arrendamento da parte dos fundos do terreno (uma faixa de 17×30 metros) à Cia Hoepner Agrícola e Comercial. Com isso, pode reorganizar os serviços de mão de obra, que haviam sido parcialmente paralisados, e implantar uma série de acabamentos, inclusive com colocação de vidros e divisórias.

Algumas salas foram preparadas para abrigar as atividades do Instituto, enquanto o barracão que servia como sede provisória foi colocado abaixo. A mudança foi concretizada em 27 de outubro de 1960, com festa de confraternização no terceiro andar. Foi iniciada a pavimentação da entrada de veículos. O ex-presidente Eliasib Gonçalves Ennes era o diretor responsável pelas obras e, em seu relatório, Parigot destaca a colaboração ativa de engenheiros como Nelson Logullo, Hugo Peretti, Rubens Meister, Venevérito da Cunha e Herbert Wiegand Leyser.

Seus pares de diretoria foram Frederico Brambilla, vice-presidente; Ivo Arzua Pereira, 1º secretário; Luiz Armando Garcez, 2º secretário; Ernesto Sperandio, tesoureiro; Durval Eduardo Pacheco de Carvalho, orador; e Omar Sabbag, redator. Sabbag foi prefeito de Curitiba de 1967 a 1971.

Ao longo de seu mandato, o professor Parigot defendeu a regulamentação da profissão de arquiteto, promoveu uma viagem técnica de 30 engenheiros à Bolívia, grupo liderado por Mário De Mari, e reivindicou que os vencimentos dos engenheiros funcionários públicos estaduais fossem equiparados aos promotores. Projeto de lei nesse sentido foi apresentado em 1959 na Assembleia Legislativa pelo deputado Eurico Batista Rosas, associado do IEP. Aprovado, foi vetado pelo governador, baseado em parecer de sua assessoria que o considerou inconstitucional, pois a medida só poderia ser de iniciativa do Executivo.

Parigot de Souza nasceu em Curitiba em 26 de fevereiro de 1916 e se diplomou pela Escola de Engenharia da Universidade do Paraná, em 1937. Fez curso de especialização em Hidráulica e Hidrologia na França e estágios em vários países da Europa, Estados Unidos e Japão. Professor em sua especialidade na UFPR, lecionou até ser indicado vice-governador, em 1970, na chapa de Haroldo Leon Peres, no governo do presidente Emílio Garrastazu Médici.

Exerceu cargos públicos desde 1940, quando, por concurso, ingressou na Secretaria de Viação e Obras Públicas e no Departamento Nacional de Portos, Rios e Canais, onde acompanhou obras importantes, como o cais de atracação do Porto de Paranaguá e a regularização do rio Iguaçu. Foi autor de muitos projetos nessa área. Dedicou-se, a seguir, ao campo da energia elétrica. Presidiu a Copel de 1961 a 1970, construindo grandes usinas, como Salto Osório, Foz do Chopim, Salto Grande do Iguaçu e Capivari-Cachoeira, que hoje leva seu nome. Criou na UFPR o Centro de Pesquisas Hidráulicas, que produz, até hoje, modelos reduzidos de usinas e pesquisas na área.

Em novembro de 1971, com a renúncia do governador Leon Perez, acusado de corrupção, Parigot de Souza assumiu o governo do Estado, legando ao Paraná um plano de desenvolvimento e um programa de atração de investimentos. Com câncer, que tratava desde 1969, morreu precocemente aos 57 anos, em 11 de julho de 1973. Poucos meses antes, havia sido eleito “Engenheiro do Ano de 1972” pelo Instituto de Engenharia de São Paulo.

*Texto extraído do Livro Um Pioneiro A Caminho do Centenário, por Júlio Zaruch.

Presidente IEP na Gestão 1957 a 1959

A ousada empreitada de construir o edifício-sede, uma obra de 16 pavimentos, incluindo o térreo, no centro de Curitiba, exigia da diretoria do IEP um permanente exercício de arrecadação de fundos. Por isso, como aquele terreno recebido em doação da Prefeitura, na avenida Barão do Serro Azul, ainda estava de posse da entidade – a doação ao Montepio dos Professores e Funcionários da Faculdade de Medicina do Paraná não havia sido efetivada, o novo presidente, Mário De Mari, eleito em março de 1957, decidiu abrir concorrência administrativa para vendê-lo.

A diretoria para a gestão 1957-1959 – com Alaor Barbosa Borba, vice-presidente; Hugo Garbaccio, 1º secretário; Roberto Guilherme Pereira Leite, 2º secretário; Alcyr de Castro Ricardo dos Santos, tesoureiro; Orival Feres, orador; e Júlio Barbosa Régis, redator colocou mãos à obra e definiu os parâmetros. O terreno foi avaliado em um milhão e cem mil cruzeiros. Várias propostas foram apresentadas. O empresário Ivo Leão ofereceu 984.500 cruzeiros, o que foi aceito pela comissão de licitação, embora com o voto contrário de De Mari. Com esse aporte de recursos, as obras da sede foram retomadas, com a concretagem da primeira laje, escada social e de serviço, preparo para a segunda e a terceira lajes e vedação das paredes laterais e internas do térreo e do primeiro andar e as laterais do segundo.

Na gestão de Mário De Mari foi criada a galeria de fotos de presidentes do IEP, que inicialmente contemplou apenas os falecidos: na época, João Moreira Garcez, José Niepce da Silva, Adriano Gustavo Goulin, Agnello Ribeiro Ribas, João Paz Raimundo Filho, Raul Zenha de Mesquita e Rubens Reis Pereira de Andrade. Hoje, a galeria com o retrato de todos os ex-presidentes está no Salão Nobre do Instituto, depois de permanecer durante décadas no saguão de entrada no andar da administração.

Na Semana do Engenheiro, em novembro de 1959, o IEP promoveu uma viagem de associados às obras de construção de Brasília, que seria inaugurada em 21 de abril do ano seguinte, pelo seu idealizador, o presidente Juscelino Kubitschek de Oliveira.

Mário De Mari, da turma de 1946 da Faculdade de Engenharia do Paraná, nasceu em Curitiba em 6 de fevereiro de 1922. Ainda no curso pré-universitário, começou a trabalhar como ajudante de engenheiro na Prefeitura de Curitiba, passando depois a topógrafo, até, já diplomado, ser promovido a engenheiro. Ao final da gestão do prefeito Ney Braga (1954-1958), na qual implantou e foi o primeiro diretor do Departamento de Planejamento e Urbanismo (atual Secretaria Municipal de Urbanismo e que cumpria também o papel anos depois conferido ao Ippuc/ Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Curitiba), pediu demissão para dedicar-se à iniciativa privada.

Foi proprietário, diretor e responsável técnico de uma grande empresa de engenharia, Lindemberg De Mari, que chegou a ter mais de dois mil trabalhadores e 15 engenheiros e arquitetos. Grandes obras suas, edifícios residenciais e industriais, estão espalhados por vários estados brasileiros. Foi diretor financeiro da Codepar (Companhia de Desenvolvimento do Paraná), depois Badep, que também presidiu.

Depois de exercer importantes cargos em instituições de renome e construir grandes obras, o engenheiro Mário De Mari dedicou-se a ações voluntárias de grande significado social, como orientador de cursos diversos para trabalhadores da construção civil e de programas de hortas comunitárias em escolas públicas e associações de bairro. Na Fiep (Federação das Indústrias do Estado do Paraná), que presidiu de 1968 a 1974, foi até poucos anos o coordenador do Conselho de Responsabilidade Social.

Outra faceta desse empresário, homem público e líder classista é a dedicação à pintura, hobby que desenvolve há quase 60 anos, tendo participado de inúmeras exposições. Os seus quadros estão em vários países da Europa e das Américas.

*Texto extraído do Livro Um Pioneiro A Caminho do Centenário, por Júlio Zaruch.

Presidente do IEP na Gestão 1955 a 1957

A PRIMEIRA TURMA DE REMIDOS

A mobilização em torno do edifício-sede do IEP atrai uma nova leva de associados e, nas eleições de 9 de março de 1955, comparecem 207 votantes, um recorde até então. A chapa liderada pelo engenheiro e professor Eliasib Gonçalves Ennes sagra-se vitoriosa, com 116 votos contra 84 dados à encabeçada pelo ex-prefeito e primeiro gestor do Plano Agache Rozaldo Gomes de Mello Leitão. A posse foi dia 28.

Ennes tem como companheiros de diretoria Pedro Mortensen Neto, vice-presidente; Azaury Guedes Pereira, 1º secretário; Newton Edmundo Grillo Requião, 2º secretário; Ricardo R. Seyer, tesoureiro; Diamantino Conrado de Campos, orador; e Camil Gemael, redator. Para o Conselho Fiscal foram eleitos Frederico Brambilla, José Theodoro Miró Guimarães e Mário De Mari.

Além das questões internas, há outras que preocupam a nova diretoria, como a situação dos empreiteiros paranaenses diante dos atrasos dos pagamentos do governo do Estado. Ennes também vai ao Rio de Janeiro, então Capital Federal, defender reivindicações da classe acerca de contribuição previdenciária, mantendo contatos junto ao Ministério do Trabalho.

Os 30 anos do IEP, outro tema em destaque da nova administração, foram comemorados dia 27 de fevereiro de 1956 em sessão histórica no salão nobre da Escola de Engenharia – o mesmo que abrigou aquele grupo de pioneiros em 1926 -, com a presença do representante do governador Moisés Lupion, Nivon Weigert, e do secretário estadual de Viação e Obras Públicas, Eurico Batista Rosas. Coube ao ex-prefeito e ex-diretor Linneu Ferreira do Amaral destacar o papel dos fundadores, na mesma ocasião transformados em sócios remidos. Desde então, anualmente, o Instituto passou a remir associados que completassem 30 anos de contribuição; na reforma dos estatutos de 2009, o período foi ampliado para 40 anos. Uma romaria ao Cemitério Municipal São Francisco de Paula, para homenagear engenheiros falecidos, encerrou as atividades da data.

Um ano depois, estão no auge as discussões para nova reforma dos Estatutos. O presidente Ennes não aceita a proposta feita na assembleia geral de 14 de fevereiro de 1956 para prorrogar seu mandato, de maneira que a próxima eleição já seja realizada sob a égide da nova Carta. Mas, dias depois, acaba cedendo aos argumentos de um grupo de associados e o mandato é prorrogado por 60 dias. O pleito é, então, marcado para a primeira quinzena de junho. Ennes é derrotado nas urnas pelo engenheiro Mário De Mari.

Ao encerrar sua gestão, entregou ao sucessor os pilares, vigas e a estrutura para a laje do primeiro pavimento da futura sede, inclusive da marquise frontal, assim como o estudo econômico-financeiro para a execução do projeto arquitetônico, de autoria do arquiteto Rubens Meister, e do estrutural, do engenheiro Venevérito da Cunha. Redefiniu também o regime de construção, que passou a ser por administração direta, com a contratação de mestre-de-obras para concretagem e operários especializados e mão-de-obra bruta, além de regularizar as pendências existentes com a empresa que até então prestava serviços. E reformou o barracão deixado como resto da demolição do edifício da escola profissional que ali havia funcionado, para abrigar a administração do IEP.

Paulista de Catanduvas, Eliasib Gonçalves Ennes iniciou o curso de Engenharia Civil na Escola Politécnica da Universidade de São Paulo, em 1941, mas interrompeu os estudos para servir, como voluntário, na Força Expedicionária Brasileira, dois anos depois. Finda a guerra, recusou os benefícios da lei que permitia matrícula no 4º ano de Engenharia. Cumpriu o curso integralmente na Faculdade de Engenharia da Universidade do Paraná, diplomando-se em 1949.

Também bacharel em Ciências Matemáticas e pós-graduado, em nível de mestrado, em Acústica Arquitetônica e Física Aplicada, cursou a Escola Superior de Guerra, no Rio de Janeiro, ali dirigiu departamentos e integrou o Conselho Superior da Adesg, a associação dos diplomados da instituição.

Foi professor titular da UFPR, chefe do Departamento de Física Aplicada e Professor Emérito da instituição. Exerceu funções na Universidade da Força Aérea Brasileira e trabalhou na França.

Na presidência do IEP (1955-1957), obteve a declaração de utilidade pública da entidade no município e no estado e encaminhou o assunto em nível federal. Ampliou significativamente o quadro de sócios e, na gestão Parigot de Souza (1959-1961), foi diretor de sede, quando administrou a obra até o quarto pavimento.

De personalidade dinâmica e empreendedora, ao falecer, em 2009, o professor Ennes dirigia uma instituição que fundou, o Citema (Centro Científico e Tecnológico do Meio Ambiente).

*Texto extraído do Livro Um Pioneiro A Caminho do Centenário, por Júlio Zaruch.

Presidente do IEP na Gestão 1948 a 1955

OS ALICERCES DO EDIFÍCIO-SEDE

A chegada dos anos 1950 marca uma nova e importante etapa na história do IEP. É quando começam a ser pensados os primeiros alicerces de sua sede própria, inicialmente num endereço diferente do atual. Ao final da gestão Venevérito da Cunha, a entidade elegeu o engenheiro Carlos Luís Lück que, um ano antes, não tivera sucesso em sua tentativa como aspirante ao cargo de redator de publicações científicas na diretoria.

E Lück chegou à presidência para nela ficar um bom tempo. Quatro mandatos. Entre 1948 e 1955, os dois últimos já dentro dos novos critérios estatutários que estabeleciam gestões bienais. No primeiro, para o qual foi eleito em 29 de março de 1948, vencendo seu colega Paulo Aguiar, trabalhou ao lado de Rubens S. F. do Amaral, vice-presidente; Mario Cadagnone, 1º secretário; Plínio Franco Ferreira da Costa (um futuro vice-governador do Paraná), 2º secretário; Pedro de Miranda Assy, tesoureiro; Adherbal Sprenger Passos, orador; e José Waldomiro Macedo, redator. Em 1º de junho de 1948, ficou decidido que “o IEP manterá em sua sede jogos de xadrez e outros”.

Foi na segunda gestão de Lück (1949-1950), que foram dados os primeiros passos em direção ao edifício-sede. Na primeira, duas foram as preocupações básicas do IEP: acompanhar, na Câmara Federal, o projeto de lei que alterava o Decreto-Lei nº 23.596/33, aquele baixado pelo governo provisório de Vargas, com o associado e deputado federal Bento Munhoz da Rocha Neto marcando presença nas discussões, e o novo Código de Obras de Curitiba. Em paralelo, o ex-presidente Venevérito da Cunha pedia o cumprimento do Plano Agache.

O Plano Agache, considerado o segundo grande plano urbanístico de Curitiba, elaborado pelo arquiteto e urbanista francês Alfred Donat Agache, que já havia desenvolvido estudos semelhantes para o Rio de Janeiro e outras cidades brasileiras, foi encomendado pelo interventor do Paraná, Manoel Ribas, em 1940, na gestão do prefeito Rozaldo de Mello Leitão. Curitiba tinha, então, 120 mil habitantes. Estabeleceu um sistema radial de vias em torno do centro principal e definiu a construção de grandes avenidas, como Visconde de Guarapuava, Sete de Setembro, Nossa Senhora da Luz e Marechal Floriano Peixoto, o Centro Cívico e a zona industrial no bairro Rebouças, entre outros setores.

Ao renovar pela primeira vez seu mandato, na assembleia de associados de 29 de março de 1949, Lück foi eleito na companhia de Alaor Barbosa Borba, vice-presidente; Vicente Montanha, 1º secretário; Mário De Mari, 2º secretário; Agostinho Schwab, tesoureiro; Lysimaco Franco Ferreira da Costa, orador; e Oswaldo A. Sampaio, redator. Uma diretoria bastante diferente da anterior.

Em 16 de fevereiro do ano seguinte, uma nova assembleia geral, convocada “para tratar da construção da sede do IEP em terreno doado pela Prefeitura Municipal de Curitiba”, organizou quatro comissões para a largada do projeto: Relações com os Poderes Públicos, Projeto, Estudo para Emissão de Bônus e Finanças.

A Comissão de Relações com os Poderes Públicos foi composta dos associados Linneu Ferreira do Amaral, Plínio Tourinho, Ângelo Lopes, Raul Azevedo Macedo, Gastão Cordeiro, Bento Munhoz da Rocha Neto, Oswaldo Pacheco de Lacerda, Algacyr Munhoz Mäder, Cid Luz, Oscar Gomes do Amaral, Lysimaco Costa, José Nogueira Paes, Raul Bruel Antonio, Benjamin de Andrade Mourão e Felizardo Gomes da Costa.

Na Comissão de Projeto alinharam Linneu Ferreira do Amaral, José Bittencourt de Paula, Ernesto Guimarães Máximo, João Wenceslau Ficinski Dunin, Ayrton João Cornelsen, Rubens Meister, Cláudio Loyola e Silva, Raphael Klier de Assumpção e Rubens Mômoli.

A Comissão de Estudo para Emissão de Bônus contou com Luiz Carlos Pereira Tourinho, Pedro Viriato Parigot de Souza, Oswaldo Pilotto, Nestor Nivaldo Dittrich, Alaor Barbosa Borba, Venevérito da Cunha, Antonio Baptista Ribas, Walter Scott de Castro Vellozo e Othon Mäder.

E a Comissão de Finanças teve a participação de João Moreira Garcez, Odilon Mäder, Rivadávia Fonseca de Macedo, Joaquim M. M. Franco, Vicente Montanha, Agostinho Schwab, Mário De Mari, João de Oliveira Franco Filho, Carlos Eduardo Veiga Leão, Raul Zenha de Mesquita, Tadeu Vantroba, Arédio Xavier de Miranda, João Dernízio Puppi, Raul Iwersen, José Filizola, Roberto Faria Afonso da Costa, Carlos Amorety Ozório, Hasdrúbal Bellegard, José Theodoro Guimarães e Olívio Zagonel. Na coordenação geral dessas comissões estava o engenheiro Ruy Virmond Carnasciali.

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NOVIDADES:
Mandato bienal e Conselho Fiscal

A terceira gestão de Carlos Luís Lück (1950-1951) introduziu mudanças na condução do Instituto, através da alteração dos Estatutos, em dezembro de 1950: os mandatos passaram a ser de dois anos e foram criados o Conselho Fiscal e a categoria de sócio-acionista (até então, os sócios eram titulares, honorários, beneméritos e aspirantes); o início do ano social é definido para 27 de março. Nas eleições de 22 de março, realizadas na sede do Clube Curitibano, Lück havia sido reeleito juntamente com Borba, Montanha, De Mari e Schwab, na vice-presidência, 1a e 2a secretarias e tesouraria, respectivamente, mas Ney de Almeida Faria e Plínio Costa foram os escolhidos como orador e redator de publicações científicas.

Em maio, o advogado Ernani Santiago de Oliveira (que, quatro anos depois, seria o último prefeito de Curitiba nomeado antes das eleições municipais pós-redemocratização, que levariam o então major Ney Aminthas de Barros Braga ao Paço da Liberdade e a uma longa carreira vitoriosa na política paranaense), é contratado pelo Instituto para assessorar a emissão de bônus ou ações que dariam suporte à construção da sede própria do IEP.

No final do primeiro semestre de 1950 é aprovado o regulamento que “autoriza a diretoria do IEP a emitir 200 (duzentas) ações nominais e patrimoniais no valor de Cr$ 5 mil (cinco mil cruzeiros, moeda da época) cada uma”. Essas ações seriam garantidas pelo patrimônio imóvel do Instituto e só poderiam ser vendidas a sócios quites com a tesouraria. O atraso de três parcelas cancelaria a ação e os valores já pagos, descontados 10%, seriam creditados na conta de mensalidades ordinárias do sócio.

As ações só poderiam ser transferidas depois de integralizadas, com termo lavrado em livro próprio, e com cobrança de emolumentos de 10%, com exceção de doação de pai para filho ou herança. O IEP também poderia resgatá-las, pelo valor atualizado, em caso de falecimento do sócio.

Até então, todo planejamento girava em torno do terreno localizado na avenida Barão do Serro Azul, entre ruas 13 de maio e Presidente Carlos Cavalcanti, doado pela Prefeitura de Curitiba, na gestão Linneu Ferreira do Amaral (1949-1951). E já havia um interessado na compra de um andar do futuro prédio: a Associação dos Engenheiros Agrônomos do Paraná. A assembleia geral de 25 de outubro, porém, estabeleceu que o Instituto poderia ceder ou locar espaços, mas não vendê-los.

Mas tudo mudou no começo de 1952. Um ex-diretor do IEP, Bento Munhoz da Rocha Neto, havia sido eleito governador do Paraná, empossado em 31 de janeiro de 1951. “Por questões técnicas e de interesse do Instituto”, conforme destaca o ex-presidente Luiz Carlos Pereira Tourinho em relatório alusivo ao cinquentenário do IEP, datado de 31 de dezembro de 1976, a entidade voltou-se para outro endereço, na rua Emiliano Perneta, onde, em tempos passados, havia funcionado a Escola Profissional Feminina República Argentina. E obteve de Munhoz da Rocha a doação da nova área.

A diretoria do biênio 1951-1953 havia sido eleita em 7 de março de 1951. O interessante é que havia duas chapas concorrentes e ambas eram encabeçadas por Lück e tinham na vice-presidência Alaor Barbosa Borba, e como orador, Ney de Almeida Faria. A chamada “chapa oficial”, como informa a ata, perdeu, obtendo apenas 10 votos. Nos demais cargos estavam Vicente Montanha, Mário De Mari, Agostinho Schwab e Plínio Costa, mais Alberto Franco Ferreira da Costa, Wilson Johnson e Flávio Toledo Gomide, no Conselho Fiscal.

A chapa vitoriosa, batizada de “Plínio Tourinho”, recebeu 27 votos e Lück, Borba e Faria tiveram como pares Wilson Johnson, 1º secretário; Rubens Mômoli, 2º secretário; Edmundo Talamini, tesoureiro; e Adherbal Sprenger Passos, redator; no Conselho Fiscal, Vicente Montanha, Venevérito da Cunha e Alberto Costa.

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NOVA GESTÃO, AS PRIMEIRAS ESTACAS

Ao mesmo tempo em que conduzia as tratativas para a obtenção do novo terreno, a diretoria do Instituto pleiteava, por sugestão do engenheiro Parigot de Souza, a criação da Faculdade de Arquitetura do Paraná, o que só foi concretizado anos mais tarde.

O terreno da Emiliano Perneta passa para os domínios do IEP com a condição da entidade transferir o imóvel da Barão do Serro Azul ao Montepio dos Professores e Funcionários da Faculdade de Medicina do Paraná que, por sua vez, deveria doar ao Instituto um andar no prédio a ali ser edificado. O que acabou não se concretizando.

Para fazer caixa visando à obtenção de recursos para a futura sede, o Instituto é autorizado a locar, por três anos, uma parte do terreno (510m²) a uma empresa do ramo agrícola. É a faixa, nos fundos, depois transformada em estacionamento para sócios e sobre a qual foi edificado, em 2009, o Centro de Eventos. Um barracão de madeira, parte remanescente da demolição da velha escola, adaptado, funcionou como sede provisória do Instituto e palco de importantes acontecimentos.

Na sede improvisada, “foi providenciada a elaboração do projeto do edifício e do cálculo da estrutura, o primeiro de autoria do eminente professor Rubens Meister e o segundo, do engenheiro calculista Venevérito da Cunha”, como informa o ex-presidente Tourinho em seu relatório de 1976, ressaltando que ambos prestaram seus serviços sem ônus para o Instituto.

Nesse clima de avanços, Lück é mais uma vez reeleito presidente, dia 4 de março. Vai cumprir a gestão 1953-1955, sua última, com a diretoria formada por Alaor Barbosa Borba, vice-presidente; Jahyr Leal, 1º secretário; Pedro Mortensen Neto, 2º secretário; Vicente Montanha, tesoureiro; Ney de Almeida Faria, orador; e Cláudio Manoel de Loyola e Silva, redator. Elato Silva, Venevérito da Cunha e Ruy Carnascialli formam o Conselho Fiscal.

Em novembro de 1953, um novo e importante passo: é lançado o edital de concorrência administrativa para execução dos serviços de fundação do edifício-sede. Só poderão concorrer firmas devidamente registradas no Crea-PR, “cujo engenheiro responsável seja sócio acionista deste Instituto, quite com a tesouraria e tenha resgatado pelo menos metade do valor da ação para a construção da sede”.

Nas propostas, que devem ser entregues até 30 de novembro devem constar: justificação do tipo de fundação adotada, preço global dos serviços, relação dos preços unitários, materiais a serem aplicados, prazo para início e conclusão dos serviços, plantas e especificações fornecidas pelo IEP e condições de pagamento.

Três empresas se credenciam aos serviços: Estacas Franki, Mueller, Caron & Cia e Estaqueamento Paulista Ltda (Estapal). As três propostas são rejeitadas pela comissão julgadora, formada pelos engenheiros Alberto Pinto de Miranda, Joaquim Martins Franco, João de Oliveira Passos, Laércio Forbeck e Benjamin de Andrade Mourão: a Estapal foi eliminada pela falta de documentos, apesar de lhe ter sido concedido um prazo extra de cinco dias; a Mueller, Caron & Cia porque, além do preço mais alto e da obra mais demorada, queria receber 85% do custo após cravar 50% das estacas, entre outros itens inaceitáveis; a Estacas Franki não era clara sobre o preço de alguns itens e apresentava detalhes técnicos incompletos.

Mas as duas últimas refazem as propostas dentro do prazo estipulado e, depois de votação secreta, a comissão proclama a Estacas Franki vencedora. As obras deverão ser iniciadas até 15 de janeiro de 1954. Com isso, Lück encerra seu longo período na presidência.

Nascido em Paranaguá, em 24 de junho de 1914, Carlos Luís Lück, engenheiro civil pela Universidade do Paraná, cumpriu carreira profissional em diversos órgãos públicos, como Rede de Viação Paraná-Santa Catarina, secretaria estadual de Obras Públicas, departamentos de Estradas de Rodagem, de Água e Esgoto, de Edificações, Companhia Mecânica Brasileira. Atuou também em instituições previdenciárias como o antigo Instituto de Aposentadoria e Pensões dos Bancários e o Ipase. Participou da construção de obras nos portos de Paranaguá e Antonina e da ponte Brasil-Paraguai.

*Texto extraído do Livro Um Pioneiro A Caminho do Centenário, por Júlio Zaruch.

Presidente do IEP na Gestão 1947 a 1948

A SURPRESA DA PRESIDÊNCIA

Uma eleição com lances inesperados. Venevérito da Cunha, engenheiro especialista em cálculo estrutural era um dos pilares de uma das chapas concorrentes naquele 23 de março de 1947, um domingo do comecinho do outono curitibano. Figurava como tesoureiro. No grupo, porém, faltava o principal, o candidato a presidente. É que havia duas outras chapas inscritas (embora não formatadas formalmente, já que cada um concorria isoladamente aos cargos) e uma profusão de nomes que se ofereciam ao voto dos associados.

Nas vésperas do pleito, diante do prazo final para inscrição de candidatos, Venevérito foi convocado pelos companheiros para assumir a cabeça do grupo. Atuar como o pilar principal de sustentação. Relutou, mas aceitou. E venceu. Derrotou o presidente Oswaldo Pilotto, que almejava mais uma reeleição, e o professor Paulo Aguiar. Um resultado apertado: 19 votos para Venevérito, 17 para Aguiar e um para Pilotto.

Para a vice-presidência, venceu Hasdrúbal Bellegard; Algacyr Guimarães, derrotado, seria, anos mais tarde, governador do Paraná, eleito pela Assembleia Legislativa. O governador, Ney Braga, havia sido chamado para o Ministério da Agricultura, em 1964, pelo presidente Humberto de Alencar Castllo Branco. E renunciou ao mandato, assim como seu vice, Affonso Alves de Camargo Neto, em razão de acertos políticos.

Na 1ª secretaria, o vitorioso foi Raul Iwersen, à frente de Carlos Amorety Osório, Júlio Cesar de Souza Araújo e Silvestre de Souza; na 2a, Júlio Cesar de Souza Araújo suplantou Raul Bruel Antonio, Mário De Mari e Osman Pierre; Pedro de Miranda Assy foi consagrado tesoureiro, também num apertado resultado de 20 a 17 votos dados a Walter Scott de Castro Vellozo; o novo orador, Cláudio Manoel de Loyola e Silva, venceu Oswaldo Pilotto, Silvestre Souza e Paulo Aguiar; e Adherbal Sprenger Passos foi escolhido redator, com mais votos do que o concorrente Carlos Luís Lück. A posse foi na quinta-feira 27.

Venevérito da Cunha nasceu em Florianópolis (SC) em 29 de agosto de 1916. Cursou Engenharia na Universidade do Paraná e já no segundo ano começou a trabalhar como fiscal de argamassa e depois desenhista do serviço de Engenharia da 5a Região Militar.

Diplomado em 1942, foi contratado pela Secretaria de Viação e Obras Públicas do Paraná. Até 1950 trabalhou em sociedade com alguns colegas de turma, fazendo projetos de cálculo estru- tural, como o da Penitenciária Agrícola de Piraquara e algumas edificações; atuou, também, na construção civil em Ponta Grossa.

Além de associado ao IEP, que presidiu, Venevérito foi filiado a entidades internacionais ligadas à sua atividade, como a Sociedade Americana de Engenharia Civil e The Concrete Society, da Inglaterra.

Em 1950 abriu um escritório de cálculo estrutural próprio, por onde passaram muitos estudantes de engenharia e desenhistas que se tornaram profissionais bem sucedidos. O escritório tornou-se ponto de referência e nele foram calculadas plantas de obras como a Biblioteca Pú- blica do Paraná (única obra que ficou pronta para o centenário do Paraná), edifícios-sede da Prefeitura de Curitiba, do Instituto de Engenharia do Paraná, da Ordem Rosa Cruz, da Celepar, Casa de Saúde e Maternidade Dr. Paciornick, anexo do Tribunal de Contas do Paraná, prédios do Sesi, Senai, sinagoga Francisco Frischmann, edifícios Alvorada, Orion, Pussoli, Cosmos, José Loureiro, Construtora Independência, da TV Iguaçu Canal 4, o Fórum de Londrina, entre vários outros.

Em Santa Catarina, também existem marcas do trabalho de Venevérito da Cunha, como nas obras das Indústrias Dohler, Fundição Tupy, fóruns de Joinville e de Caçador, prédios em Camboriú, estádio do Figueirense, em Florianópolis, edifício da Federação das Indústrias e muitas outras.

Foi, ainda, responsável por projetos de diversas obras importantes não só no Paraná e Santa Catarina, como no Rio Grande do Sul, São Paulo e Mato Grosso. A extensa relação de trabalhos prestados tanto para governos estaduais como para a iniciativa privada inclui escolas, hospitais, pontes, reservatórios, igrejas, agências bancárias, lojas de departamentos, como a antiga Hermes Macedo.

Venevérito aposentou-se em 1981, mas continuou por alguns anos em atividade em escritório na sua residência. Em 2009, aos 93 anos, foi escolhido pelos associados do IEP como “Engenhei- ro do Ano”, recebendo o Troféu Paraná de Engenharia, em concorrida solenidade.

*Texto extraído do Livro Um Pioneiro A Caminho do Centenário, por Júlio Zaruch.

Presidente do IEP na Gestão 1943 a 1944

Vitorioso nas urnas para o novo período administrativo, Ruy Virmond Carnasciali comandou o IEP na gestão 1943-1944 na companhia de Nestor Dittrich, vice-presidente; Hasdrúbal Bellegard, 1º secretário; Manoel Pedro da Silva Sampaio, 2º secretário; Leopoldo Schinzel, tesoureiro; Oswaldo Pilotto, orador; e Parigot de Souza, redator.

Carnasciali, engenheiro civil da turma de 1939 da Faculdade de Engenharia do Paraná, iniciou sua carreira profissional como calculista de concreto armado em empresa de engenharia no Rio de Janeiro, tendo atuado, no mesmo período (janeiro de 1940 a julho de 1941), como engenheiro credenciado pela Inspetoria da Alfândega na arqueação de petróleo e derivados, carvão de pedra e máquinas, no Porto do Rio de Janeiro.

A partir de agosto de 1941, até janeiro de 1960, foi gerente e depois diretor-presidente da Construtora Comercial Paraná-Rio S/A (Copara), que fundou e da qual foi sempre o responsável técnico por uma vasta gama de projetos e construção de estabelecimentos industriais, edifícios de escritórios e residenciais, terraplanagens, estradas, pontes e grandes estruturas nos Estados do Paraná e de Santa Catarina.

Em 1960-1961 foi chefe do Cerimonial do Palácio Iguaçu, no governo de Ney Braga; entre 1963 e 1965, diretor financeiro da Companhia Paranaense de Silos e Armazéns (Copasa), assumindo, na sequência, o cargo de diretor financeiro da Codepar Crédito, Financiamento S/A; em 1967, foi nomeado agente do Banco Nacional da Habitação em Curitiba e, pouco depois, delegado do BNH para a 9a Região – Paraná e Santa Catarina, cargo que exerceu até falecer, em 1974.

*Texto extraído do Livro Um Pioneiro A Caminho do Centenário, por Júlio Zaruch.