Presidente IEP na Gestão – 1936-1937
O Instituto tinha, nessa época, 108 sócios titulares e 29 sócios acadêmicos. A diretoria – com Adriano Goulin, vice-presidente; Raphael Assumpção, 1º secretário; Luiz Peixoto do Amarante, 2º secretário; Arlindo Loyola de Camargo, tesoureiro; Pedro Paulo Filerich, orador; e Bento Munhoz da Rocha Neto, redator, cumpria suas atividades rotineiras, tratava da reforma dos estatutos, elegia os delegados junto ao plenário do Crea-PR e, também, o delegado eleitor que representaria o Instituto nas eleições do Confea.
Foi na tarde de 19 de março do ano seguinte que a confusão aconteceu. O IEP se preparava para eleger a diretoria que o conduziria no período 1937-1938. Durval de Araújo Ribeiro anuncia, então, que associados em atraso com a tesouraria não poderiam votar. Começam os protestos da ala adversária, que propõe anistia aos inadimplentes. Os ex-presidentes João Moreira Garcez e Flávio Suplicy de Lacerda e um grupo de aliados, partidários dessa solução, retiram-se para outra sala, afirmando que fariam uma eleição paralela. Mas, logo em seguida retornam. A ata registra: o presidente é agredido por Raul Gutierrez, enquanto Joaquim Franco ataca o secretário Raphael Assumpção; “estabeleceu-se, então, grande balbúrdia”. A polícia é chamada para garantir a ordem e a sessão é suspensa. O próprio chefe de Polícia (que hoje é o secretário de Segurança Pública), Roberto Barrozo, comparece à sede do IEP, pede calma e propõe recomeçar a assembleia no dia seguinte. Mas uma intimação expedida pelo juiz substituto do Cível e do Comércio da 1ª Vara da Capital, Aristóxenes C. de Bittencourt, fruto de mandado de segurança impetrado pelos excluídos, adia dos procedimentos.
A assembleia só é retomada cinco dias depois, às 14 horas. O chefe de Polícia marca presença no plenário, como um aceno de que a ordem deve ser mantida. Durval Ribeiro lê um ofício do juiz Aristóxenes que comunica ter tornado sem efeito sua decisão anterior, “porque, melhor considerando, sobre o pedido de mandado de segurança, requerido por João L. Constantino e outros, o indeferiu, por não ser caso dessa medida”.
Nesse clima pesado, os associados votam e elegem a diretoria para 1937-1938: Raul Zenha de Mesquita, que derrota Arnaldo Beckert, presidente; João Paz Raimundo Filho; vice-presidente; Ildefonso Clemente Puppi, 1º secretário; Raimundo Almir Mourão, 2º secretário; Silas Pioli, tesoureiro (seria substituído em julho por Lysis de Castro Vellozo); Oswaldo Piloto, orador; e Hypérides Zanello, orador. Zanello foi um dos quatro acadêmicos fundadores do IEP em 1926. A posse ocorre em 27 de março, em sessão que também comemora o 11º aniversário do Instituto.
Durval de Araújo Ribeiro foi, durante 37 anos, professor da Faculdade, depois Escola de Engenharia da UFPR. Curitibano de 1895, iniciou sua carreira em 1922 como professor contratado de Topografia e de Eletrotécnica, e também de outras matérias, como Estatística e Economia Política e Materiais de Construção. Chegou a catedrático por concurso na cadeira de Organização das Indústrias, Contabilidade e Direito Administrativo, em 1933. Depois de ter ocupado o cargo de secretário da Faculdade de Engenharia, foi eleito, em 1940, diretor da instituição e reeleito duas vezes, conferindo grande prestígio à Casa, em função das gestões positivas. Foi também diretor do Departamento de Água e Esgoto do Paraná e conselheiro do Crea/PR. Aposentou-se em 1959.
No livro “Fatos e Reminiscências da Faculdade’, o professor e colega Ildefonso Puppi retrata Durval de Araújo Ribeiro como “participante ativo de boas causas e um diretor controlado, que soube estabelecer harmonia em todos os setores da Escola”. Mas, ressalta que, de temperamento contestador, mais tarde passou a se indispor por motivos pouco consistentes com colegas de maior destaque. A princípio, fustigando Algacyr Munhoz Mäder, Arnaldo Beckert, Pedro Viriato Parigot de Souza, Ralph J. Leitner, e, por fim, quase toda a Congregação”.
A gestão de Durval Ribeiro no IEP foi marcada por um fato importante para a época: a visita do presidente do Confea (Conselho Federal de Engenharia, Arquitetura e Agronomia), Adolfo Morales de los Rios Filho dia 6 de março de 1937. Morales, engenheiro-arquiteto espanhol naturalizado brasileiro, foi o segundo presidente do Confea, sucedendo a Pedro Demósthenes Rache. Seu mandato foi o mais longo da instituição, pois ficou quase 25 anos no cargo, de 6 de fevereiro de 1936 a 31 de outubro de 1960.
Mereceu do IEP “voto de louvor e de aplausos pela grande obra de congraçamento da classe e de defesa de seus legítimos direitos” e teve seu nome proposto como sócio honorário do Instituto.
*Texto extraído do Livro Um Pioneiro A Caminho do Centenário, por Júlio Zaruch.