Presidente do IEP nas Gestões de 1973 a 1987 e 1993 a 1995
OITO MANDATOS NA PRESIDÊNCIA
Engenheiro, professor e general de brigada da reserva Luiz Carlos Pereira Tourinho, filho do fundador da entidade Plínio Alves Monteiro Tourinho. Foram sete gestões consecutivas, entre 1973 e 1987, e a oitava, no biênio 1993-1995, depois de três períodos administrativos do engenheiro Ney Fernando Perracini de Azevedo.
Tourinho foi indicado para concorrer à presidência pelo seu antecessor, Cássio Bittencourt Macedo, que preferiu abrir mão da prerrogativa da reeleição para se dedicar às atividades profissionais e empresariais. Exatos 682 votantes sufragaram seu nome na Assembleia Geral do dia 15 de janeiro de 1973. A posse foi no 47º aniversário do IEP, dia 6 de fevereiro.
Na diretoria, que praticamente repetiria para o segundo mandato, formaram também: Ney Simas Pimpão, 1º vice-presidente; Cláudio José Antunes; 2º vice; Ney Fernando Perracini de Azevedo, 1º secretário; Rubens Curi, 2º secretário; João Enéas Ramos, de Sá, 1º tesoureiro; e João Bley do Amaral, 2º tesoureiro. As mudanças foram José Mário Lírio Reis, como 1º tesoureiro, e João Enéas, como 2º tesoureiro.
Nas duas gestões seguintes (1977-1979 e 1979-1981), Luiz Carlos Pereira Tourinho formou a diretoria com Paulo Munhoz da Rocha, 1º vice-presidente; Jeferson Weigert Wanderley, 2º vice; Ney Fernando Perracini de Azevedo, 1º secretário; Shido Ogura, 2º secretário; João Eneas Ramos de Sá, 1º tesoureiro; e Bernardino Campos Filho, 2º tesoureiro.
Concorrendo sempre em chapa única, com apenas uma exceção, em 1983, Tourinho cumpriria mais três mandatos consecutivos: 1981-1983, com eleição dia 12 de janeiro, na companhia de Renato Meister, 1º vice-presidente; Inaldo Ayres Vieira, 2º vice; Ney Perracini de Azevedo, 1º secretário; Eliseu Lacerda, 2º secretário; João Enéas Ramos de Sá, 1º tesoureiro; e Djalma Costa Palmeira, 2º tesoureiro; no de 1983-1985, que reuniu o número recorde de eleitores, até então – 1.027, em 10 de janeiro, Ney Simas Pimpão volta à 1º vice-presidência e Archimar Antonio Viana Amorim é o 2º vice; os demais cargos permanecem inalterados.
Nesse pleito, o professor Tourinho foi surpreendido pelo aparecimento de um candidato concorrente – Mário Fortes Braga, que havia ingressado como sócio do IEP em 29 de novembro de 1982, ou seja, poucos dias antes do prazo final para o registro das chapas. Tourinho obteve 879 votos (85,6%) contra 140 de Braga, sete nulos e um em branco.
Na gestão 1985-1987, uma novidade: duas mulheres participam, pela primeira vez da diretoria. Ney Fernando Perracini de Azevedo sobe à 1a vice-presidência, Afonso Celso Frega Beraldi é 2º vice; Maria Aparecida Garcez Beckert, 1º secretário; Gilberto Piva, 2º secretário; João Enéas Ramos de Sá, 1º tesoureiro; e Tamara Lepca Maia, 2º tesoureiro.
Meses depois de assumir pela primeira vez, Tourinho aprovou em assembleia realizada dia 12 de novembro autorização para a hipoteca de bens patrimoniais do IEP, visando à operação financeira que possibilitasse recursos para a conclusão da sede. Ao mesmo tempo, obteve do governador em exercício João Mansur – que assumiria interinamente em razão da morte de Parigot de Souza, até a eleição, pela Assembleia Legislativa, de Emílio Gomes e Jayme Canet Junior, governador e vice –, a sanção da lei estadual nº 6.431, de 19/7/73, que autorizava o Poder Executivo a anuir no contrato de hipoteca, uma vez que, na doação do terreno, o Estado havia incluído uma cláusula de inalienabilidade do imóvel.
Foi, então, contratado um empréstimo de um milhão de cruzeiros junto à Caixa Econômica Federal do Paraná, com juros de 8,65% ao ano, para pagamento em 10 anos, o que assegurou o acabamento da obra, com revestimento dos pisos e dos sanitários, esquadrias do 7º ao 16º andares, pintura interna e externa e a aquisição dos dois elevadores, instalados em meados de 1975. A quitação foi possível com recursos próprios do Instituto, o aluguel de 12 pavimentos e de duas lojas, além de uma contribuição voluntária de cinco cruzeiros por associado, inclusive remidos, destinada à regularização de débitos junto à Previdência Social. A última parcela do empréstimo foi paga em outubro de 1985.
A inauguração do edifício-sede, que passaria a ser chamar Edifício Plínio Alves Monteiro Tourinho, marcou o cinquentenário do IEP: no dia 4 de fevereiro de 1976, às 19h, foi descerrada a fita simbólica, seguindo-se sessão solene e abertura de exposição técnica; no domingo, dia 6, foi celebrada pela manhã, missa em ação de graças na igreja de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro, com as festividades sendo encerradas com jantar de confraternização no Clube Concórdia. O ano de 1976 foi pródigo em exposições, cursos e palestras que seriam, dali em diante, uma das marcas registradas do Instituto. Em parceria com a Aliança Francesa de Curitiba e a Associação Brasileira dos Estagiários na França, foi montada uma exposição sobre o metrô de Paris.
Em março de 1975, o IEP anunciou sua intenção de alugar vários pavimentos do prédio e que “na seleção de inquilinos será dada prioridade a entidades de classe, escritórios de engenharia e a empresa relacionadas com a profissão”. Dez pavimentos acabaram sendo locados ao Banco Regional de Desenvolvimento Econômico (BRDE), que instalou uma recepção no térreo, o que obrigou o IEP a separar o acesso às suas dependências, com um gradil; ao fundo do espaço, antes das escadas, “as gravuras das duas primeiras obras de engenharia imperial – a Graciosa e a Ferrovia de Paranaguá”, como consta de um relatório de gestão.
Os jantares festivos para associados ganharam ênfase sob a presidência de Luiz Carlos Pereira Tourinho, inclusive com versões temáticas. Tourinho criou, também, os almoços e jantares “do papo”, reuniões informais de associados por adesão em diferentes restaurantes da cidade, e abrigou a Boatinha criada pelo Daep (Diretório Acadêmico de Engenharia do Paraná), que passou a ser gerida pelo recém fundado Departamento Universitário do Instituto.
Outra herança do Daep foi a Revista Técnica: com a reforma universitária decretada pelo governo federal, os diretórios acadêmicos foram extintos. O acadêmico Ivo Mendes Lima, último presidente do Diretório naquela fase (e primeiro diretor universitário do Instituto) transferiu a revista para o IEP, no final da gestão de Cássio Bittencourt Macedo. A primeira edição sob a chancela do Instituto foi lançada por Tourinho em dezembro de 1973, com a coordenação do professor Ney Perracini de Azevedo. No total, foram para o prelo 39 números.
Também foram reeditadas novas versões do famoso Chá Dançante de Engenharia, que marcou época nas décadas de 1940 e 1950, ainda hoje lembrado com muita saudade pelos mais antigos. Os encontros dos sábados pela manhã no Bar da Amizade foram consolidados, as atividades esportivas, incrementadas, deu-se forma definitiva à galeria de ex-presidentes e uma biblioteca foi instalada na sede.
O IEP, na gestão de Tourinho, em 1975, batalhou pela criação da regional do Paraná da Rede Ferroviária Federal, com gestões junto ao ministro dos Transportes, Dirceu Araújo Nogueira; em março do mesmo ano, o diretor geral da RFFSA, general Milton Gonçalves, visitou o IEP para discutir a questão, que acabou se concretizando.
Em 1980, o IEP sediou o II Congresso Latinoamericano sobre Métodos Computacionais para a Engenharia e o IV Simpósio sobre Sistemas Computacionais para a Engenharia Civil. Em outra oportunidade, trouxe de São Petersburgo, Rússia, para uma palestra, o professor de Transmissão de Energia Elétrica Georgy Nokolaevitch Aleksandrov, com a colaboração do associado Gregório Bussyguin. Aliás, ao longo de suas oito gestões o IEP sempre foi pródigo em eventos técnicos de todos os matizes, sempre com auditório lotado. Em 1982, Tourinho promoveu um debate com o governador recém-eleito José Richa sobre as grandes questões da Engenharia, da situação funcional de engenheiros servidores do Estado e de prestigiamento às empresas paranaenses. Em 1984, conquistou para Curitiba o 7º Enco (Encontro Nacional da Construção), realizado de 15 a 19 de julho.
Em 6 de outubro de 1982, foi comemorado o centenário de nascimento do fundador do Instituto de Engenharia, Plínio Alves Monteiro Tourinho, em evento conjunto do IEP, Instituto Histórico e Geográfico do Paraná, UFPR, Crea-PR, Sindicato de Engenheiros e Academia Paranaense de Letras.
O professor Luiz Carlos Pereira Tourinho, que nasceu em Curitiba, em 19 de dezembro de 1913, cursou a Escola Militar do Realengo e a Escola de Aperfeiçoamento de Oficiais, ambas no Rio de Janeiro. Diplomou-se engenheiro civil em 1938, pela Escola de Engenharia da Universidade do Paraná. Foi diretor geral do Departamento de Estradas de Rodagem no governo Bento Munhoz da Rocha Neto, autor do plano rodoviário do Paraná, introdutor da aerofotogrametria no estudo de estradas e iniciador da pavimentação asfáltica no Paraná. Participou da Comissão de Estradas de Rodagem Paraná-Santa Catarina, foi engenheiro-chefe na exploração e construção da rodovia Curitiba-Joinville, entre várias outras, construiu quartéis e coordenou o estudo de viabilidade econômica da malha ferroviária PR/SC.
Foi diretor técnico da Copel, assessor do Instituto Brasileiro do Café, interventor do Instituto Brasileiro de Reforma Agrária, diretor da Escola de Engenharia e chefe do Departamento de Transportes do curso de Engenharia Civil da UFPR, onde lecionou em vários cursos, tendo sido paraninfo e patrono de 15 turmas de engenheiros, além de instrutor-chefe no CPOR.
Tourinho foi deputado federal pelo Paraná na legislatura 1955-1959, presidente do antigo Partido Social Progressista, candidato a governador do estado e a prefeito de Curitiba. Escritor e historiador, presidiu por longo tempo o Instituto Histórico e Geográfico do Paraná e foi membro da Academia Paranaense de Letras. Foi conselheiro federal junto ao Confea e vice-presidente da Febrae – Federação Brasileira de Associações de Engenheiros. Em 1991, foi um dos quatro engenheiros brasileiros homenageados com a primeira Medalha do Mérito do Sistema Confea/ Creas, pelos relevantes serviços prestados à Engenharia, mesmo motivo que o levou a ser escolhido o primeiro Engenheiro do Ano, honraria instituída pelo IEP em 1995, recebendo o Troféu Paraná de Engenharia.
*Texto extraído do Livro Um Pioneiro A Caminho do Centenário, por Júlio Zaruch.