Presidente IEP na Gestão 1957 a 1959
EMPRESÁRIO OUSADO E ARTISTA PLÁSTICO
A ousada empreitada de construir o edifício-sede, uma obra de 16 pavimentos, incluindo o térreo, no centro de Curitiba, exigia da diretoria do IEP um permanente exercício de arrecadação de fundos. Por isso, como aquele terreno recebido em doação da Prefeitura, na avenida Barão do Serro Azul, ainda estava de posse da entidade – a doação ao Montepio dos Professores e Funcionários da Faculdade de Medicina do Paraná não havia sido efetivada, o novo presidente, Mário De Mari, eleito em março de 1957, decidiu abrir concorrência administrativa para vendê-lo.
A diretoria para a gestão 1957-1959 – com Alaor Barbosa Borba, vice-presidente; Hugo Garbaccio, 1º secretário; Roberto Guilherme Pereira Leite, 2º secretário; Alcyr de Castro Ricardo dos Santos, tesoureiro; Orival Feres, orador; e Júlio Barbosa Régis, redator colocou mãos à obra e definiu os parâmetros. O terreno foi avaliado em um milhão e cem mil cruzeiros. Várias propostas foram apresentadas. O empresário Ivo Leão ofereceu 984.500 cruzeiros, o que foi aceito pela comissão de licitação, embora com o voto contrário de De Mari. Com esse aporte de recursos, as obras da sede foram retomadas, com a concretagem da primeira laje, escada social e de serviço, preparo para a segunda e a terceira lajes e vedação das paredes laterais e internas do térreo e do primeiro andar e as laterais do segundo.
Na gestão de Mário De Mari foi criada a galeria de fotos de presidentes do IEP, que inicialmente contemplou apenas os falecidos: na época, João Moreira Garcez, José Niepce da Silva, Adriano Gustavo Goulin, Agnello Ribeiro Ribas, João Paz Raimundo Filho, Raul Zenha de Mesquita e Rubens Reis Pereira de Andrade. Hoje, a galeria com o retrato de todos os ex-presidentes está no Salão Nobre do Instituto, depois de permanecer durante décadas no saguão de entrada no andar da administração.
Na Semana do Engenheiro, em novembro de 1959, o IEP promoveu uma viagem de associados às obras de construção de Brasília, que seria inaugurada em 21 de abril do ano seguinte, pelo seu idealizador, o presidente Juscelino Kubitschek de Oliveira.
Mário De Mari, da turma de 1946 da Faculdade de Engenharia do Paraná, nasceu em Curitiba em 6 de fevereiro de 1922. Ainda no curso pré-universitário, começou a trabalhar como ajudante de engenheiro na Prefeitura de Curitiba, passando depois a topógrafo, até, já diplomado, ser promovido a engenheiro. Ao final da gestão do prefeito Ney Braga (1954-1958), na qual implantou e foi o primeiro diretor do Departamento de Planejamento e Urbanismo (atual Secretaria Municipal de Urbanismo e que cumpria também o papel anos depois conferido ao Ippuc/ Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Curitiba), pediu demissão para dedicar-se à iniciativa privada.
Foi proprietário, diretor e responsável técnico de uma grande empresa de engenharia, Lindemberg De Mari, que chegou a ter mais de dois mil trabalhadores e 15 engenheiros e arquitetos. Grandes obras suas, edifícios residenciais e industriais, estão espalhados por vários estados brasileiros. Foi diretor financeiro da Codepar (Companhia de Desenvolvimento do Paraná), depois Badep, que também presidiu.
Depois de exercer importantes cargos em instituições de renome e construir grandes obras, o engenheiro Mário De Mari dedicou-se a ações voluntárias de grande significado social, como orientador de cursos diversos para trabalhadores da construção civil e de programas de hortas comunitárias em escolas públicas e associações de bairro. Na Fiep (Federação das Indústrias do Estado do Paraná), que presidiu de 1968 a 1974, foi até poucos anos o coordenador do Conselho de Responsabilidade Social.
Outra faceta desse empresário, homem público e líder classista é a dedicação à pintura, hobby que desenvolve há quase 60 anos, tendo participado de inúmeras exposições. Os seus quadros estão em vários países da Europa e das Américas.
*Texto extraído do Livro Um Pioneiro A Caminho do Centenário, por Júlio Zaruch.