MILITAR, ENGENHEIRO, PROFESSOR, UM LÍDER
O líder do movimento pela criação do IEP e seu Presidente Honorário e Benemérito conquista, enfim, nas urnas, a presidência de fato. É a primeira eleição realizada nas dependências da sede do Instituto, que havia alugado uma sala na rua 15 de Novembro. A data, 7 de março de 1929.
Nos demais cargos da nova gestão, figuram: Alexandre Gutierrez Beltrão, vice-presidente; Durval de Araújo Ribeiro, 1º secretário; Lúcio Pereira Junior, 2º secretário; Arnaldo Isidoro Beckert, tesoureiro; Fernando Chaves, orador; e Oliveira Portes, redator de publicações científicas.
Além do projeto de lei que tramita na Câmara de Vereadores e que trata da regulamentação do exercício da engenharia na Capital – aprovado e convertido na Lei 769, de 27/5/ 1929, outro grande tema se transforma no foco das preocupações da nova diretoria: o planejamento global da cidade de Curitiba.
Vários subtemas são abordados nos debates que movimentam as reuniões do Instituto: a evolução e a organização social da cidade, o processo ordenado de urbanização, que envolve a correção do traçado de ruas e praças, o alargamento de algumas vias importantes e a abertura de outras, as galerias de águas pluviais, a rede de esgotos os canais dos rios Ivo e Belém.
O IEP dá sequência dinâmica aos preceitos estatutários que preconizam a presença efetiva nos debates dos assuntos de interesse do desenvolvimento paranaense. Tourinho voltaria à presidência do IEP na gestão 1938-1939, eleito dia 21 de março e empossado dia 27, ao lado de Durval de Araújo Ribeiro, vice-presidente; Raul Zenha de Mesquita, 1º secretário; Walter Scott de Castro Vellozo, 2º secretário; Raphael Klier de Assumpção, tesoureiro; Oswaldo Piltto, orador; e Arnaldo Izidoro Beckert, redator.
Plínio Tourinho, que deixou sua marca na história do IEP, nasceu em 8 de fevereiro de 1882, filho de dona Maria Leocádia Alves Tourinho e do engenheiro militar Francisco Antônio Monteiro Tourinho, construtor das estradas da Graciosa e do Mato Grosso, está ligando o litoral paranaense àquela província. Como o pai, seguiu a carreira militar, diplomando-se em Engenharia Civil e Militar, tornando-se depois catedrático em Astronomia, legando obras importantes nessa área.
Oficial da arma de Engenharia pela Escola Militar da Praia Vermelha e engenheiro militar e civil pela Escola de Engenharia Militar do Realengo (RJ), Plínio participou no início do século 20 da campanha do Contestado. Em 1926, foi promovido a major, passando a prestar serviços de engenharia na 5a Região Militar. Ali, liderou a oficialidade no movimento militar que eclodiu dia 5 de outubro de 1930 e alçou o presidente Getúlio Vargas ao poder, a famosa Revolução de 1930; já conspirava contra o regime desde julho.
Na Revolução de 1930, foi comissionado como general de brigada, mas pediu exoneração do posto depois da vitória do movimento. Foi, então, promovido a tenente-coronel por ato do presidente Getúlio Vargas. Plínio Tourinho foi eleito deputado à Assembleia Nacional Constituinte, em 1933; deputado federal no ano seguinte, cumpriu mandato até 1937. Foi um dos fundadores da Universidade do Paraná, onde dirigiu em várias ocasiões a Faculdade de Engenharia. Morreu no exercício desse cargo, em 29 de agosto de 1950, aos 68 anos de idade, deixando a marca de um líder ousado e competente.
*Texto extraído do Livro Um Pioneiro A Caminho do Centenário, por Júlio Zaruch.