Presidente do IEP na Gestão de 1997 a 2001
PROPOSTAS PARA CURITIBA
O debate de temas importantes para o futuro de Curitiba foi uma das marcas registradas dos quatro anos de gestão do engenheiro Volmir Selig à frente do IEP: dois mandatos consecutivos, de 1997 a 2001. Eleito dia 14 de janeiro de 1997 em chapa de consenso, que recebeu o nome do professor Luiz Carlos Pereira Tourinho, reuniu as correntes mais representativas da Engenharia paranaense.
Na posse, em 25 de fevereiro, com a presença do prefeito de Curitiba, Cássio Taniguchi, quando o Brasil vivia a primeira década de sua nova Constituição, Selig manifestou sua esperança de que “as reformas constitucionais não nos deixem na frustração, porque elas são a base para se acabar com os desmandos e a deficiência do governo em gerir as coisas públicas (…) Os exemplos do passado nos ensinam que não basta administrar a tecnologia, melhorar os métodos de construção e dos recursos humanos disponíveis. É preciso desenferrujar a administração deste país e direcionar seus objetivos maiores em sentido do desenvolvimento, da geração de empregos, da solução dos problemas sociais e, principalmente, da moralização da aplicação dos recursos públicos”.
Na diretoria do primeiro mandato: Walfrido Victorino Ávila, 1º vice-presidente; Carlos Roberto Fabro, 2º vice; Luz Mitsuaki Sato, 1º secretário; Carlos Afonso Infante da Câmara Teixeira, 2º secretário; João Enéas Ramos de Sá, 1º tesoureiro; Cleber Humphreys, 2º tesoureiro. Na do segundo, cuja eleição foi em 14 de janeiro de 1999, também com chapa única, e a posse, em 24 de fevereiro, Gilberto Piva assumiu a 1ª vice-presidência; Cleber Humphreys ficou como 1º tesoureiro, em razão do falecimento, em outubro de 1998, do engenheiro João Eneas Ramos de Sá; e Nelson Leal Junior foi chamado para a 2ª tesouraria.
A pauta dos grandes debates começou pela nova Lei de Zoneamento e Uso do Solo, que a Prefeitura estava propondo e que iria à análise da Câmara de Vereadores. O IEP apresentou uma série de sugestões, assim como propôs, meses depois, veto à construção de garagens no subsolo de edifícios, “que acarretam problemas estruturais, custos mais elevados e alto consumo de energia para a drenagem do subsolo durante a vida útil do prédio”. A postura pela definição de estacionamentos e de garagens em edifícios de habitação coletiva acima do nível do meio-fio foi transformada em projeto de lei na Câmara Municipal apresentado pelo vereador Antônio Borges dos Reis.
Outra proposta do IEP foi a construção, ao longo das vias públicas, de galerias de uso múltiplo que poderiam abrigar todas as tubulações de energia elétrica, telefonia, gás, águas pluviais, rede de esgotos, organizando tudo e evitando constantes obras de abertura de calçadas e pavimentos. Mudanças no Plano Diretor de Curitiba, com abordagem metropolitana, o novo Código de Posturas, o metrô, o Solo Criado e a adoção do potencial construtivo e vários outros projetos para a Curitiba do futuro, a questão da água no século 21, o Anel de Integração das rodovias paranaenses e obras importantes para o litoral, como a recuperação das praias de Matinhos e de Pontal, também figuraram com frequência nas preocupações do IEP. Selig, como representante do Instituto, integrou o Conselho do Litoral, quando foram criadas as atuais diretrizes do planejamento da região.
O Instituto foi, ainda, uma das entidades promotoras do Acordo de Cooperação Técnica relativo à acessibilidade de pessoas portadoras de deficiências e idosas, iniciativa do Ministério Público do Paraná e integrada pela Câmara Municipal, Prefeitura e Sinduscon. E passou a integrar o quadro de sócios do Lactec (Instituto de Tecnologia para o Desenvolvimento), ao lado da Copel, Universidade Federal do Paraná, Associação Comercial e Federação das Indústrias.
No âmbito interno, o processo de educação continuada dos associados prosseguiu com bastante ênfase, com quase duas centenas de cursos, que registraram a presença de mais de cinco mil profissionais, permitindo o seu acesso às mais recentes tecnologias construtivas, serviços e produtos, e novos cursos de especialização em nível de pós-graduação. Numa só noite, em maio de 1999, foi registrado um número recorde de participantes de cursos, seminários e palestras, com 350 presenças distribuídas em cinco espaços – auditório, três salas de aula e o Bar da Amizade, no 15º andar, que também cumpria sua função de abrigar eventos. Uma novidade foi o primeiro curso de preparo de calouros para ingresso na universidade, com 240 participantes, em parceria com o Setor de Tecnologia da UFPR, cujo diretor, e associado do IEP, Ivo Brand, foi o mentor.
Em abril de 1998, colocando em prática um dos itens de seu programa de trabalho – a valorização dos profissionais e das entidades de classe – Volmir Selig criou o Espaço das Associações, um andar inteiro no edifício-sede, o terceiro, com cinco salas de trabalho, cada uma destinada a duas entidades, uma de reuniões e um miniauditório -, cuja coordenação foi entregue à Feapar (Federação das Entidades de Engenharia do Paraná). O Espaço foi compartilhado pelo Inapar (Instituto de Engenharia de Avaliações e Perícias), Instituto Paranaense de Engenharia Legal e de Avaliações, Abenc (Associação Brasileira de Engenheiros Civis), associações dos Geólogos, de Engenheiros Mecânicos, de Engenheiros Cartográficos, de Engenheiros Eletricistas, de Engenheiros de Segurança, Associação Paranaense de Impermeabilização e Associação Sul Brasileira da Construção Metálica.
Outra iniciativa que movimentou o IEP nos anos seguintes foi a implantação do Espaço da Mulher, um fórum permanente de palestras, debates e ações objetivando aperfeiçoar a qualidade do dia-a-dia das associadas e esposas de associados. Palestrantes de renome foram convidadas a apresentar temas de interesse, uma delas a vice-governadora do Paraná na gestão de Jaime Lerner, Emília Belinatti. Também as atividades culturais foram incrementadas, com a montagem de várias exposições de artes plásticas de associados, familiares e convidados, no saguão térreo, coordenadas pelo arquiteto Lineu Borges de Macedo.
O Bar da Amizade, no topo do edifício-sede, ponto de encontro tradicional dos associados, foi inteiramente revitalizado, recebendo teto em gesso, nova iluminação, cortinas e mobiliário, transformando-se em mais uma opção para eventos. Ali, aos sábados, Selig introduziu o bufê de feijoada, sempre atraindo levas de associados e suas famílias. Os jantares-dançantes prosseguiram com sorteio de viagens e outros prêmios e um deles foi a Noite Brasil 500 Anos, em homenagem aos cinco séculos do descobrimento. Para os sócios, ainda, cursos de inglês e espanhol, um plano para a aquisição de telefone celular digital e um convênio com a Associação Comercial do Paraná para usufruir dos serviços prestados por aquela entidade.
O Troféu Paraná de Engenharia foi conferido, em 1997, ao ex-ministro, ex-presidente do Instituto e reitor da PUCPR Euro Brandão; 1998, ao prefeito Cássio Taniguchi, com a festa de encerramento da Semana de Engenharia sendo realizada nos salões do Clube Curitibano; em 1999, ao ex-prefeito de Curitiba, Rafael Greca, representado na solenidade, no Clube Concórdia, por seu pai, o professor e também engenheiro Eurico Dacheux de Macedo.
Nessa edição do Troféu, Selig inovou e criou mais cinco prêmios – os Destaques. Os escolhidos foram Alberto Accioly Veiga Filho, Destaque na Construção Civil; Bernardo Guiss, em Obras Públicas; Augusto Canto Neto, no Serviço Público; Ivo Brand, no Ensino da Engenharia; e Antonio Borges dos Reis, na Política. Duas presenças especiais na solenidade: a do presidente do Confea (Conselho Federal de Engenharia, Arquitetura e Agronomia, Henrique Ludovice, e o presidente da WFEO/FMOI (Federação Mundial de Organização de Engenheiros, com sede em Madri, Espanha), José Medem Sanjuán, cuja visita mereceu placa comemorativa na sede do IEP.
Em 2000, outro ex-ministro, e também ex-prefeito de Curitiba, Ivo Arzua Pereira, foi agraciado com o Troféu, entregue no encerramento da Semana da Engenharia, na Sociedade Thalia. Como Destaques, foram premiados os engenheiros Dante Bianco, Construção Civil; Cássio Bittencourt Macedo, Obras Públicas; Carlos Afonso Teixeira de Freitas, Serviço Público; Ney Fernando Perracini de Azevedo, Ensino de Engenharia; e Luciano Pizzatto, Política.
Gaúcho de Passo Fundo, onde nasceu em 11 de setembro de 1946, Volmir Selig viveu em Curitiba desde os 20 anos, formando-se engenheiro civil pela UFPR na turma de 1972. Iniciou suas atividades profissionais na Sanepar no ano seguinte, mas logo deixou a empresa para ser diretor técnico da Construtora Vaticano. Desde então exerceu atividades na área da construção civil, sendo responsável, como sócio da P.P.C. Construtora de Obras Ltda., pela implantação das duas primeiras etapas do projeto Ferrovila, executadas em parceria com a Cohab/Curitiba e o antigo Banco Bamerindus.
Foi fundador, sócio e diretor de Engenharia da Héstia Construções e Empreendimentos Ltda, empresa derivada da cisão da Previse Construções e Empreendimentos Ltda. Em seu currículo constam aproximadamente 400 edifícios construídos com um total de 10.000 apartamentos, onde reside uma população aproximada de 30.000 pessoas, maior do que 40% dos municípios do Paraná.
Selig participou ativamente da atividade classista desde 1975, a começar pelo Sinduscon/PR (Sindicato da Indústria da Construção), onde ocupou vários cargos na diretoria. Em duas gestões não consecutivas, foi presidente da Ademi (Associação dos Dirigentes de Empresas do Mercado Imobiliário), da qual foi um dos fundadores, tendo organizado a Ademilar – Administradora de Consórcio S/A, primeira empresa nacional de consórcio imobiliário com capital de empresas de construção civil.
Faleceu aos 67 anos, em 9 de junho de 2014, em decorrência de complicações cardíacas.
*Texto extraído do Livro Um Pioneiro A Caminho do Centenário, por Júlio Zaruch.
Assista ao depoimento do Eng. Volmir Selig no vídeo comemorativo aos 85 anos do IEP:
.